CANTIGAS MEDIEVAIS: As origens do Trovadorismo
São admitidas quatro teses fundamentais para explicar a origem dessa poesia: a tese arábica, que considera a cultura arábica como sua velha raiz; a tese folclórica, que a julga criada pelo próprio povo; a tese médio-latinista, segundo a qual essa poesia teria origem na literatura latina produzida durante a Idade Média; e, por fim, a tese litúrgica, que a considera fruto da poesia litúrgico-cristã elaborada na mesma época. Todavia, nenhuma das teses citadas é suficiente em si mesma, deixando-nos na posição de aceitá-las conjuntamente, a fim de melhor abarcar os aspectos constantes dessa poesia.
Trovadores eram aqueles que compunham as poesias e as melodias que as acompanhavam, e cantigas são as poesias cantadas. A designação "trovador" aplicava-se aos autores de origem nobre, sendo que os autores de origem vilã tinham o nome de jogral, termo que designava igualmente o seu estatuto de profissional (em contraste com o trovador). Ainda que seja coerente a afirmação de que quem tocava e cantava as poesias eram os jograis, é muito possível que a maioria dos trovadores interpretasse igualmente as suas próprias composições.
Nessa época em que há o predomínio da oralidade, a poesia é marcada pelas cantigas trovadorescas, que possuem uma estreita relação com a música, o canto e a dança. Em virtude disso, fazia-se necessário o acompanhamento de instrumentos musicais, tais como a harpa, a flauta, a guitarra, o alaúde, a viola etc. É natural que esses poemas, por serem obras transmitidas oralmente, acabassem desaparecendo.
Para evitar que isso acontecesse, inicialmente, foram criados pequenos cadernos de apontamento, nos quais essas obras eram transcritas. Esses cadernos não foram suficientes para armazenar todas as obras conhecidas, então, alguns mecenas, em especial o rei, resolveram agrupar essas obras em coletâneas de canções. Dessa forma, as cantigas que antes eram apenas apresentadas oralmente e estavam guardadas apenas na memória do trovador foram compiladas e viraram os Cancioneiros.
Mesmo com a preocupação de preservar essas obras, muitos cancioneiros pereceram ao longo do tempo.
Os três Cancioneiros mais importantes, em número e qualidade, que nos restaram são:
Cancioneiro da Ajuda - datado do século XIII, composto por 310 cantigas, sendo 304 de amor;
Cancioneiro da Biblioteca Nacional de Lisboa ou Cancioneiro Colocci Brancutti (esse último nome é em homenagem aos seus dois últimos possuidores italianos) - Contém 1647 cantigas de todos os tipos e engloba Trovadores dos reinados de Afonso III e D. Diniz;
Cancioneiro do Vaticano (Esse nome lhe é atribuído por ter sido descoberto na Biblioteca do Vaticano, em Roma) - Incluí 1205 cantigas de escárnio, de maldizer, de amor e de amigo.
Os principais artistas da época eram os Trovadores (em geral, poetas cultos que compunham a letra e a música das canções), os Menestreis (músicos-poetas sedentários, pois viviam na casa de um fidalgo), os Jograis (cantores e tangedores ambulantes, geralmente de origem plebeia), os Segréis (trovadores profissionais, gealmente fidalgos desqualificados, que iam de corte em corte na companhia de um jogral, Jogralesa e Soldadeira (moças que acompanhavam tocando pandeiro e dançando, animando o ambiente).
O mais importante trovador foi D. Dinis, sexto Rei de Portugal, que governou de 1279 a 1325. Esse período é considerado o apogeu das cantigas. Ele compôs todos os tipos de cantigas. Além disso, incentivou a agricultura e a navegação, tornou oficial a língua portuguesa em 1290 e foi o fundador da Universidade de Lisboa, primeira universidade portuguesa, em 1308. As 138 cantigas de todos os géneros escritas por D. Diniz compõem o maior conjunto individual da poesia medieval portuguesa.
Classificação das cantigas
O cavalheiro se dirige à mulher amada como uma figura idealizada, distante. O poeta, na posição de fiel vassalo, se põe a serviço de sua senhora, dama da corte, tornando esse amor um objeto de sonho, distante, impossível. Mas nunca consegue conquistá-la, porque tem medo e também porque ela rejeita sua canção.
São cantigas de origem popular, com marcas evidentes da literatura oral (reiterações, paralelismo, refrão, estribilho), recursos esses próprios dos textos para serem cantados e que propiciam facilidade na memorização. Esses recursos são utilizados, ainda hoje, nas canções populares.
Em cantiga de escárnio, o eu-lírico faz uma sátira a alguma pessoa. Essa sátira era indireta, cheia de duplos sentidos. As cantigas de escárnio (ou "de escarnho", na grafia da época) definem-se, pois, como sendo aquelas feitas pelos trovadores para dizer mal de alguém, por meio de ambiguidades, trocadilhos e jogos semânticos, em um processo que os trovadores chamavam "equívoco".
Ao contrário da cantiga de escárnio, a cantiga de maldizer traz uma sátira direta e sem duplos sentidos. É comum a agressão verbal à pessoa satirizada, e muitas vezes, são utilizados até palavrões. O nome da pessoa satirizada pode ou não ser revelado.
Nessa época em que há o predomínio da oralidade, a poesia é marcada pelas cantigas trovadorescas, que possuem uma estreita relação com a música, o canto e a dança. Em virtude disso, fazia-se necessário o acompanhamento de instrumentos musicais, tais como a harpa, a flauta, a guitarra, o alaúde, a viola etc. É natural que esses poemas, por serem obras transmitidas oralmente, acabassem desaparecendo.
Para evitar que isso acontecesse, inicialmente, foram criados pequenos cadernos de apontamento, nos quais essas obras eram transcritas. Esses cadernos não foram suficientes para armazenar todas as obras conhecidas, então, alguns mecenas, em especial o rei, resolveram agrupar essas obras em coletâneas de canções. Dessa forma, as cantigas que antes eram apenas apresentadas oralmente e estavam guardadas apenas na memória do trovador foram compiladas e viraram os Cancioneiros.
Mesmo com a preocupação de preservar essas obras, muitos cancioneiros pereceram ao longo do tempo.
Os três Cancioneiros mais importantes, em número e qualidade, que nos restaram são:
Cancioneiro da Ajuda - datado do século XIII, composto por 310 cantigas, sendo 304 de amor;
Cancioneiro da Biblioteca Nacional de Lisboa ou Cancioneiro Colocci Brancutti (esse último nome é em homenagem aos seus dois últimos possuidores italianos) - Contém 1647 cantigas de todos os tipos e engloba Trovadores dos reinados de Afonso III e D. Diniz;
Cancioneiro do Vaticano (Esse nome lhe é atribuído por ter sido descoberto na Biblioteca do Vaticano, em Roma) - Incluí 1205 cantigas de escárnio, de maldizer, de amor e de amigo.
Os principais artistas da época eram os Trovadores (em geral, poetas cultos que compunham a letra e a música das canções), os Menestreis (músicos-poetas sedentários, pois viviam na casa de um fidalgo), os Jograis (cantores e tangedores ambulantes, geralmente de origem plebeia), os Segréis (trovadores profissionais, gealmente fidalgos desqualificados, que iam de corte em corte na companhia de um jogral, Jogralesa e Soldadeira (moças que acompanhavam tocando pandeiro e dançando, animando o ambiente).
O mais importante trovador foi D. Dinis, sexto Rei de Portugal, que governou de 1279 a 1325. Esse período é considerado o apogeu das cantigas. Ele compôs todos os tipos de cantigas. Além disso, incentivou a agricultura e a navegação, tornou oficial a língua portuguesa em 1290 e foi o fundador da Universidade de Lisboa, primeira universidade portuguesa, em 1308. As 138 cantigas de todos os géneros escritas por D. Diniz compõem o maior conjunto individual da poesia medieval portuguesa.